Após a última grande guerra, a Terra foi marcada por explosões catastróficas. Bombas de poder inimaginável alteraram não só a paisagem, mas também o próprio ritmo do planeta. Dias e noites se alongaram; a rotação desacelerou. O céu, antes azul, assumiu tons permanentes de amarelo, cortado por nuvens negras, como feridas abertas no firmamento.
A superfície do mundo tornou-se árida, silenciada. As florestas viraram cinzas em pé. Os animais — ao menos os que restaram — perderam semelhança com o que um dia foram. A água, contaminada, tornou-se instável, verde e perigosa. O ar carrega o peso invisível da radiação, tornando cada respiração um risco calculado.
Ruínas se espalham por toda parte: fragmentos de civilizações passadas, devoradas pelo tempo, pela catástrofe e por algo mais. A tecnologia que antes sustentava o mundo agora é saqueada, adaptada ou esquecida. O presente é uma colcha de retalhos feita de passado distorcido, incertezas e reinvenções.
Neste cenário, a humanidade não desapareceu — mas se transformou. Novas formas de viver surgiram, distantes umas das outras, moldadas pela necessidade, pela esperança ou pela loucura. Alguns tentam reconstruir o que foi perdido. Outros preferem deixar tudo para trás. E há ainda os que despertam sem memória do mundo que caiu, tentando entender o que restou.